LIDERANÇA – DO EGO PARA A ALMA

Autor: Geraldo Magela, Consultor, Palestrante  e Coach

Qual o benefício para a empresa de uma liderança do “ego para a alma”?

A pandemia do Covid-19 exigiu das empresas, líderes e gestores, respostas ágeis, criativas e uma verdadeira reinvenção pessoal e organizacional e o famoso “pensar fora da caixa”.

Nesse contexto, uma empresa onde a liderança é conduzida pelos valores do ego, traduzidos na centralização, falta de transparência, “eu tenho a resposta, sou o imperador e o poderoso” e os subordinados estão ali para funcionar conforme a vontade e decisão desse estilo de liderança, além de ter perdido grandes oportunidades de fortalecer a maturidade da sua gestão nesses tempos de crise, não se preparou para esse “novo normal” que se apresenta, onde clientes, colaboradores, parceiros e sociedade buscam outro tipo de relação, pautados nos valores da alma (significado e propósito).

EGO

Acompanhando inúmeras empresas dos segmentos de comércio, indústria e serviços nesse período da pandemia, (obedecendo todo o protocolo estabelecido), com atividade de consultoria e processo de coaching evolutivo, ficou claro a ação silenciosa e perniciosa para a empresa e seus resultados, desse inimigo implacável que se “esconde no último lugar em que você o procuraria… dentro de você (Júlio César, 75 a.C)” , as ações, posturas, atitudes, falas e reações de gestores e líderes…

Empresa real x empresa fantasma. Qual o impacto disso na lucratividade?

Enquanto a maioria dos gestores e gerentes articulam operações, estratégias, planos e diretrizes focados no visível, representado pelos processos, números, atividades e resultados tangíveis e mensuráveis – “empresa real “-, um inimigo oculto, silencioso e arraigado na cultura da organização, representado pelos desperdícios, baixa produtividade, ineficiência e desmotivação do pessoal, corrói a margem, os ganhos e a lucratividade – “empresa fantasma”.

Esse período de pandemia do Covid-19, enquanto solapava as bases do faturamento de muitas empresas, mostrou também o preço elevado que as mesmas estavam pagando por negligenciar os custos invisíveis representados pela “empresa fantasma”.

Essa “empresa fantasma” é alimentada pelo ego inflado de gestores e gerentes, que com uma visão obtusa de controlar e microgerenciar tudo, cerceando a autonomia, liberdade e independência da sua “pseudoequipe”, limitam a realização do potencial da organização.

Como os comportamentos disfuncionais de gestores e líderes minam a produtividade?

Como um vírus que penetra num organismo e chega a causar diversos males e até a morte, os comportamentos disfuncionais de gestores e líderes nas empresas, vão de forma discreta e contínua sugando a energia, a motivação, o entusiasmo e o comprometimento das pessoas.

Os comportamentos disfuncionais são aqueles que trazem prejuízos ao ambiente organizacional dificultando o convívio entre as pessoas, incluindo aí tratar os outros de uma forma negativa, desunir equipes de trabalho, gerar intrigas e discórdia, perseguir colegas de trabalho ou subordinados e gerar baixa produtividade, desmotivação e prejuízo financeiro.

A crise do Covid-19 foi o terreno fértil para o florescimento desse tipo de comportamento, sendo justificado por parte de alguns gestores e líderes como gerados pela pressão, incertezas e desafios do momento.

Em nosso trabalho de consultoria e coaching evolutivo nessas empresas, foi duro constatar o grande engano desses “pseudolíderes” que no máximo conseguiam mover a equipe como uma “manada” amedrontada tanto pelo Covid-19 como pelo desgaste emocional ocasionados por tais comportamentos.

O resultado desse tipo de comportamento foi o aumento da entropia cultural (desalinhamento entre as pessoas) e a inépcia na reinvenção da empresa para esse “novo normal” que se apresenta.

O medo como instrumento de mobilização das pessoas é um grande “tiro no pé” na gestão da qualidade!

  • ”Quando meu líder me chama eu entro em pânico, pois tenho certeza que só virá críticas!”
    Vanusa – Gerente de uma loja de confecção
  • ”Quando sei que no dia seguinte terei uma reunião com meu chefe, sinto calafrios à noite!”
    Maurício – Gerente de uma empresa no setor de alimentos
  • ”Tenho um verdadeiro pavor do meu chefe!” – Anônimo

Eis aí alguns relatos de profissionais talentosos, ambiciosos e desejosos de fazer a diferença nas empresas onde atuam e que no entanto, sentem-se acuados, amedrontados, paralisados e pior, obtendo resultados pífios, muito aquém do seu potencial.

Entraram numa organização, onde muitas vezes, existem até algumas práticas de gestão registradas, padronizadas e implantadas, contudo, servem como “trilhos “ em que todos seguem religiosamente, sem questionar, sem sugerir melhorias, temerosos de que o dono da ideia, o líder ou gestor, desaprove qualquer mudança na prática já sedimentada na cultura da empresa.

Tudo é movido pelo medo.

Esses gestores e líderes acreditam que ao utilizar o medo como instrumento de mobilização das pessoas, conseguem assegurar a ordem, o cumprimento das regras e o atingimento das metas estabelecidas.

Minam a criatividade das pessoas, destroem a postura empreendedora dos liderados e principalmente, castram ou expulsam aqueles que percebem que naquele ambiente a única forma de sobrevivência é “fazer o que o chefe mandar”.

Conclusão, a empresa navega eternamente nas águas rasas da mediocridade, cresce de forma sofrível num “efeito serrote” (altos e baixos) e abre espaço para uma concorrência ousada e de excelência.

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